Pensamento que me persegue nesta semana:
Escapou-me por entre os dedos aquilo que, em verdade, talvez nunca tenha sido meu. Fiz tudo errado. Mas, ainda que tivesse feito o certo, o tamanho do incerto sempre será dúbio. A vida é mesmo arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida, como diria Vinícius. Seus descompassos são cruéis com os que erram...
Ainda que o arrependimento bata à porta, ainda que o perdão te console, o que se faz fica no tempo e no espaço, em lembranças conjugadas com emoções e impressões. Não há perdão e arrependimento que tenham o poder de apagar um fato, como num passe de mágica. O que se faz, o que se fala, fica, e como fica, para sempre impresso.
Dessa causalidade não há como fugir. E nisso até a natureza nos ensina. Basta lembrar que: "A toda ação corresponde uma reação, de mesmo módulo, mesma direção e de sentido oposto". Inevitável, infelizmente.
Portanto, é sempre bom pensar que, nem sempre, a falta de sorte ou o destino são as causas de todas as dores que sentimos. Basta analisar, refletir melhor sobre nossas dores, e iremos concluir que boa parte das feridas que carregamos foram causadas por nós mesmos. Desse modo, mesmo que estejamos prontos para seguir em frente e tentar um novo recomeço, pode ser que a outra parte não esteja mais no mesmo compasso, na mesma sintonia, em função de fatos causados no passado.
A esperança que deve haver nisso tudo é que a dor não é um fim (assim espero). Ela é meio. E, quando digo meio, quero dizer que, em face da mais aguda das crises ou do mais leve arranhão, haverá sempre algo a aprender.
A dor só é melhor professora que o amor e a felicidade, porque ela nos cobra "lição de casa", ou seja, reflexão e mudança íntima para não errar novamente.